Tibério na Livraria Cultura / Foto: Nathalia Verony |
C.A - Como foi essa transição de sair de duas bandas (Mula Manca e Seu Chico) que você fazia parte e lançar um álbum solo?Conta um pouco da sua história na música.
Tibério Azul - A transição foi tranquila. Na verdade, a mula manca teve fim, e da seu Chico, eu não sai. São duas carreiras que correm paralelo e ficam se alimentando mutuamente, é bem legal isso. Na verdade foi um movimento muito natural, quase não fiz esforço. Nunca parei de compor. A lógica da Seu Chico era ter uma carreira autoral em paralelo. Na verdade, esse e meio que o sentido e a graça da seu Chico, então foi até uma imposição , uma coisa que foi meio que caindo assim. Ou iria montar outro projeto, alguma coisa ou lançar uma carreira solo. E ai naturalmente, as condições foram acontecendo, as portas se abriram e ai eu me joguei.
C.A - Quais cantores/bandas você costuma ouvir no seu dia-a-dia?
Eu costumo ouvir muita coisa, eu adoro ouvir, adoro comprar discos. Sou meio viciado. Ultimamente, eu tenho ouvido muito esses últimos lançamentos de Pernambuco, eu fiquei encantado com a maioria. Estou ouvindo muito o disco de Lula Queiroga – todo dia é o fim do mundo, Siba – Avante, China, Bande Dessinée, Lirinha, dessa última safra eu gostei tanto que eu meio me viciei a ficar ouvindo eles, é engraçado, é como se eu tivesse me ouvindo também, eu me ouço um pouco também.
C.A - O que significa bandarra para você?E o que quis transmitir para as pessoas que acompanham seu trabalho com este disco?
Eu meio que construi um conceito em cima de bandarra, eu tava lendo muito Manoel de Barros na época, que é a grande influência do disco. Bandarra é uma palavra emprestada por ele, não é minha. Muita coisa que eu recito no show é de Manoel de Barros. Esse disco é meio que um pé no chão olhando por mundo, é a pessoa olhando para mundo através da terra, (olhando para o mundo que você vive) através da terra, com os pés no chão, sabe,vendo as coisas do tamanho que elas têm, acho que o disco e mais ou menos isso. E, Bandarra é um conceito de liberdade invertido. Por exemplo: Bandarra no poema de Manoel de barros é um cavalo velho solto num pasto as moscas, então é um conceito mundano de você se pautar.
C.A - Quais suas principais inspirações para criar suas composições?
O dia-a-dia. Eu sou muito inspirado por Rainer Maria Rilke, o próprio Manoel de Barros, é ver poesia no ínfimo. É o tratado sobre as grandezas do ínfimo é um livro de Manoel, então assim é ver poesia onde não se ver, onde se esquece de ver na verdade. Por exemplo, no cotidiano, num café da manhã, numa briga de trânsito. Minhas grandes inspirações são essas coisinhas, é não se ater tanto ao macro e olhar um pouco o micro. É uma coisa que eu faço constantemente, eu gosto disso, às vezes eu vou pegar uma coisa na esquina, eu paro, eu olho o caminho, eu presto atenção às pedrinhas, mais ou menos isso.
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APR / Foto: Rizia Castro |
C.A - Como surgiu o convite de tocar no Rec-Beat e Abril por rock? Você achou que o público teve uma boa aceitação?
A aceitação foi maravilhosa, bem mais do que eu esperava, fiquei surpreso. Foram dois dias históricos. Assim que eu lancei o disco, eu recebi o convite do APR, foi uma coisa que me emocionou, acho que foi uma confiança muito grande eu nem tinha me apresentado direito ainda. E logo depois eu recebi o convite do Rec-Beat, fiquei super feliz. Nesses dois festivais foi totalmente um marco, um batizado.
C.A - Você se formou em Jornalismo e Publicidade, certo. Em que momento, você decidiu que iria viver de música?
Eu escrevo desde pequeno. Estou nas artes desde que me entendo por gente, eu gosto muito de estudar e na época eu não tinha uma carreira encaminhada então acabei entrando nas faculdades. Acho que um ano antes de me formar eu tomei a decisão de terminar e seguir artisticamente independente de me dá lucros financeiros ou não.
Eu me lembro de que eu trabalhava numa empresa, e uma vez meu chefe me chamou e fez um grande discurso pra mim, que eu não podia me dividir que eu tinha que ser inteiro. Ele queria que eu ficasse na empresa, na verdade. E que eu tomasse essa decisão. Que escolhesse uma coisa como hobbie. Ele fez um discurso bem grande. E ai nesse final de semana foi marcante pra mim, então eu voltei na segunda-feira, agradeci e disse que foi importante a conversa que tivemos que eu estava pedindo demissão e que de fato eu ia viver de música.
C.A - Qual sua música de trabalho? E quais planos para Bandarra?
A música de trabalho é a do clipe “Veja Só”, os planos na verdade é difundir, eu estou tentando não traçar muita meta. E a lógica de Bandarra e não traçar muita meta é se abraçar com o que tem. Então eu estou tentando seguir um pouco isso. Os planos é conhecer mais gente, conhecer mais cidades, fazer mais amigos, tocar, dar uma vida, deixar que bandarra pulse no ritmo dele.
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